ÉVORA MINHA CIDADE

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

APRENDI



Aprendi que não sei quase nada,
que sempre precisarei aprender,
que a vida é muito curta e que não a tempo a perder,
percebi que nem tudo é possível que as vezes é difícil sorrir que a vida faz jogo duro mas que eu não vou desistir. 

Entendi, que quando eu sofro eu aprendo que a dor me ensina a viver
que a vida é um lindo, caminho no qual iremos, crescer. 

Descobri que não é fácil viver que o destino nos reserva a dor
mas, que a tristeza termina onde começa o amor. 
E depois de tudo isto quem serei eu afinal?  




 Generosa Batista. 
  Outubro 2011. 

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A ESTRADA DA VIDA



Mais uma vez a vida me chamou, E seguindo a caminhada, na longa estrada da vida, reencontro a minha estrada que já julgava perdida. 
Caminhando de vagar, mas mesmo de vagarzinho, eu sei que vou encontrar o meu amor, no caminho. 
Ele vem ao meu encontro, e vai-me fazer feliz, vamos caminhar os dois, pois foi Deus que assim o quis. 
 Unidos os corações, e sem qualquer embaraço, vivemos as emoções juntinhos num só abraço. 
Abraço tão apertado, onde encontrei guarida, pois eu quero lá ficar o resto da minha vida.  
No dia que o conheci, foi tão grande a emoção, que nem eu mesma percebi o meu pobre coração. 
Batia, tanto batia, tremia, tanto tremia, que nem eu própria sabia, que o meu triste coração, ainda tem dentro de si uma tamanha alegria. 
Agora só quero esquecer, as amarguras da vida, e voltar a caminhar, aquela longa estrada, que eu já julgava perdida. 
  Agora só quero amar, amar, amar, perdidamente, mas não é só por amar, é porque quero voltar, e também acreditar que ainda posso ser gente.
Ainda posso ser pessoa, pois quero ser passarinho, que bate as asas e voa. 
Eu quero voar tão alto, Bem junto do azul do céu, e levar o meu amor porque ali ele é só meu. 
Quando se tem um grande amor, vivido com abundância, mesmo em terras distantes, nunca há longe nem distância. 
E quando chegar a hora, por nós dois tão desejada, decerto vamos ficar, bem juntos e caminhar, ao longo da nossa estrada. 
Não sei que fim era ter, mas se não for o melhor, ficam saudades sem fim, meu coração partido de dor. 
Meu Deus tem pena de mim, ouve-me neste momento, só peço que não me deixe passar um tal sofrimento. 
  Maria. 
  Julho, Agosto de 2011.


sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Estas são as mais bonitas estações ferroviárias do país

Há estações de comboios portuguesas que são jóias arquitectónicas, mas estão quase todas em grandes cidades. No resto do país é mais azulejos e orgulho regional. Aproveitando o recente enfoque na gare portuense de São Bento, Luís Maio embalou num top dos mais bonitos edifícios ferroviários portugueses
A Travel & Leisure, revista norte-americana da qual muito boa gente nunca antes ouviu falar, elegeu a estação de São Bento, no Porto, como uma das mais bonitas do planeta ferroviário. Isso chegou para criar uma bolha mediática, que durou pouco mais que o resto das notícias do dia. Teve pelo menos o grande mérito de chamar a atenção para o extenso e valioso património construído em Portugal desde a introdução do caminho-de-ferro, em 1856.
Mesmo sem esmiuçar século e meio de arquitectura ferroviária, há tendências que saltam à vista. A decoração azulejar foi o principal ou mesmo exclusivo factor distintivo das centenas de estações disseminadas pelo país fora, durante quase um século de expansão da rede. Durante ou depois disso, os edifícios mais nobres do ponto de vista arquitectónico foram erguidos em grandes cidades, marcando até novas centralidades à época da sua construção.
Hoje a maior parte está reabilitada, mas não forçosamente ainda ao serviço da circulação ferroviária. Como sempre, porém, também há meia dúzia de pérolas barbaramente abandonadas. Com estas coordenadas em mente, colhendo opiniões e documentação aqui e ali, fomos alinhavando o top que se segue. Um ensaio que será ao mesmo tempo excessivo e lacunar, como é costume nestas coisas.
São Bento Porto


O texto que sustenta a Estação de São Bento no topTravel & Leisure declara: "Embora o seu exterior seja lindo - e nos leve de volta à arquitectura parisiense de meados do século XIX, como o seu tecto de mansarda e fachada de pedra - é o interior que nos faz suspirar. As paredes estão cobertas de 20 mil esplêndidos azulejos." Na nota sobre a mesma estação publicada na Wikipédia pode ler-se: "No sentido de amenizar a impressão de severa nobreza do granito utilizado na fachada majestosa do edifício, recorreu-se à tradição da azulejaria portuguesa para decorar a "sala de visitas" da cidade."
A gare projectada pelo arquitecto Marques da Silva seria, portanto, bonita mas pesada, justificando a encomenda da "suavizante" decoração azulejar a Jorge Colaço. Essa é a dualidade, o contraste que triunfa na gare portuense, certificando-a como um ex-líbris da cidade e um epítome da filosofia que presidiu à construção de muitas estações ferroviárias naquela época.
O conjunto de quadros cerâmicos na Estação de São Bento constituiu um tour de force de Jorge Colaço (1868-1942), ele que revestiu de azulejos inúmeras estações e uma porção de edifícios iconográficos nacionais, desde o Pavilhão Carlos Lopes até ao Palace Hotel do Buçaco.
Colaço desenvolveu um gosto historicista e patriótico, claramente dominante no átrio de São Bento. Os destaques cabem à entrada de D. João I e seu casamento com D. Filipa de Lencastre, no Porto, ao torneio de Arcos de Valdevez e à Conquista de Ceuta.
Há depois painéis folclóricos, tipo festas e romarias, e um friso a cores que resume a história dos transportes. Claro que esta celebração dos valores pátrios, seguindo uma matriz tardo-romântica era já, por alturas da inauguração da gare em 1916, bastante anacrónica.
Depois deve ter assentado como uma luva à propaganda do Estado Novo. Hoje, no entanto, essas leituras ideológicas são letra morta e o que chama a atenção é a grandiosidade e singularidade da composição. Os pós-modernos podem sempre entreter-se tecendo comparações com os painéis de azulejos da Casa da Música.
Pinhão Alijó


Mais do que uma simples paragem de comboios, a gare do Pinhão é agora um desses lugares da memória, onde se condensam as histórias e as vivências de toda uma região. Desde logo pelos seus belíssimos 24 painéis, num total de 3047 azulejos, que revestem as fachadas nos vãos do piso térreo do edifício ferroviário.
Paisagens e costumes tradicionais do Douro Vinhateiro foram ilustrados em 1937 por J. Oliveira, autor de composições azulejares em muitas outras estações da rede nacional (Outeiro, Santarém), na circunstância sob encomenda endossada à Fábrica Aleluia de Aveiro.
J. Oliveira usou como guião uma colecção de fotografias da região duriense, postais de um mundo rural entretanto desaparecido ou muito alterado - o que obviamente confere enorme valor documental ao conjunto. Estão lá trabalhadores agrícolas vestidos com trajes antigos feitos em palha para proteger da chuva e do frio, mas também carros de bois carregando pipos de vinho até aos barcos rabelos.
Tão ou mais interessantes são as panorâmicas de sítios entretanto riscados do mapa, como o rápido do Douro conhecido como Cachão da Valeira e da Ponte da Ferradosa, sacrificados pela construção de uma barragem nas vizinhanças.
Os painéis acabam de ser restaurados, fruto da nova fortuna do Pinhão, elevada a portal turístico do Douro. O turismo justifica, aliás, que esta estação seja a excepção à regra de abandono que vigora na linha do Douro a montante da Régua. Uma Wine House, uma loja de vinhos e um núcleo museológico com meia centena de artefactos e ferramentas locais participam da revitalização da estação do Pinhão, fruto de um protocolo com a Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, do grupo Amorim.
Barca d" Alva Figueira de Castelo Rodrigo


Linhas desactivadas e estações ferroviárias ao deus-dará é o que mais há por esse país fora. Mesmo assim, a gare de Barca d" Alva merece ser destacada nesse top menos, tanto pela amplitude das ruínas, como pelo já crónico fracasso dos projectos visando a sua reanimação.
Nascida para rematar a Linha do Douro - entretanto convertida em linha internacional, ligando o Porto a Salamanca e ao resto da Europa -, Barca d" Alva pertence à classe das antigas estações fronteiriças. Era a segunda categoria mais prestigiada, logo a seguir à das gares das grandes cidades.
Quando cessou a actividade ferroviária, em 1988, tinha cafetaria, restaurante, posto alfandegário e da Guarda Fiscal, além de cocheiras e placas giratórias. Um património que não parou de degradar-se e de ser vandalizado, enquanto se sucediam promessas e planos de futuro: reactivação da linha, anunciaram Durão Barroso e depois Ana Paula Vitorino, enquanto a Refer falava em ecopistas e a autarquia num hotel quatro estrelas para aproveitar os cruzeiros do Douro.

A verdade, porém, é que até agora tudo não passou de boas intenções. A estação ferroviária de Barca d" Alva continua a cortejar os saudosistas e os amigos das ruínas. Funciona como excelente destino para essa demografia, sobretudo se conjugado com o tour de pontes ferroviárias da linha que antes ligava Barca d" Alva a Fregeneda, primeira povoação do outro lado da fronteira.
Aveiro


O antigo edifício da estação ferroviária de Aveiro foi desactivado por razões técnicas (agora há um novo). Neste caso, porém, a história teve um final (quase) feliz, a sua reabilitação para fins turísticos. É, desde 2006, paragem obrigatória nos itinerários City Tour, promovidos pela Região de Turismo de Aveiro, estando também anunciada uma colecção de arte contemporânea para as suas instalações.
O edifício de forte volumetria, constituído por uma parte central de três pisos e duas laterais, simétricas e de dois pisos, é considerado um ilustre exemplo da tipologia da Casa Portuguesa. O que mais impressiona na gare de Aveiro, no entanto, são os painéis de azulejos policromados, azuis e amarelos, que na maior parte remontam a 1916, mas conheceram vários acrescentos depois disso. Alternam paisagens regionais com ilustrações de costumes locais e fragmentos da história dos transportes, ou seja, a mesma fórmula em jogo na gare portuense de São Bento.
Em Aveiro, naturalmente, a colecção inclui imagens da ria, das vindimas na Anadia e do Palace Hotel do Buçaco, à mistura com trechos da linha do Vouga e retratos de pescadores e tricanas.
Rossio Lisboa
As máquinas fotográficas e os telemóveis não param de disparar sobre a fachada, o dia inteiro (e à noite também). Sobretudo agora que lhe rasparam a fuligem, devolvendo ao mármore e às esculturas de Batissol o seu primitivo esplendor.
É uma popularidade que se justifica plenamente, mesmo se não se adivinha logo a categoria do edifício - suspeita-se, aliás, que muitos destes fotógrafos amadores nunca vão saber que se trata de uma gare ferroviária. Em qualquer caso, a Estação do Rossio parece menos uma estação que um palácio ou qualquer outra espécie de edifício monumental - o que também quer dizer que o prédio revivalista, inspirado no manuelino e desenhado pelo arquitecto camarário José Luís Monteiro, cumpre a longo prazo a tarefa para que foi erguido.
A ideia era dotar Lisboa de uma estação iconográfica, coerente com o figurino de central station, então em voga nas principais capitais do planeta. Os mais observadores notarão, contudo, que as duas portas principais ao nível da rua, entre as praças do Rossio e dos Restauradores, estilizam o arco em ferradura, comum aos túneis dos comboios.
A diferença é que as ditas portas nunca abriram sobre a linha férrea, mas sobre um átrio que acolhe agora um café de uma multinacional. Linhas e bilheteiras encontram-se 30 metros mais acima. Aqui sim, estamos finalmente no ambiente típico de uma estação de comboios, mesmo se a mais recente adição de um hostel chique, mesmo em frente às bilheteiras, não deixe de ser surpreendente. Ou, afinal, apenas coerente com o descarrilar da rotina que sempre moldou a antiga estação da Avenida.
Os azulejos que decoram as paredes desta gare também não são como os outros. Na parede do lado nascente encontra-se uma sequência de medalhões alusivos às principais exportações portuguesas (incluindo o café!), da autoria de Lucian Donnat e Amaral.
É outra peça de propaganda do Estado Novo, onde, apesar disso, não se pode deixar de admirar a extraordinária depuração. Na parede oposta estão representadas 14 figuras históricas portuguesas, incluindo Camões, Padre António Vieira e D. Sebastião, passando por Garrett e Herculano. Datado de 1995, o conjunto denota o misto de neo-realismo e esoterismo que celebrizou Lima de Freitas e merece certamente ser confrontado com os de Jorge Colaço na estação de São Bento.
Cais do Sodré Lisboa

Nas fotos antigas mal se percebe que plantaram árvores à volta da estação do Cais do Sodré. Mas aquela que agora se ergue sobre o quiosque, em frente do edifício, cresceu ao ponto de a folhagem lhe encobrir quase por completo a fachada. Esta exuberante cortina verde é mais uma machadada na imagem do edifício inaugurado em 1928, recentemente restaurado no contexto da reconversão intermodal do terminal da Linha de Cascais.
A estação foi desenhada por Pardal Monteiro, que depois haveria de assinar obras tão marcantes da paisagem urbana da capital como o Instituto Superior Técnico e a Gare Marítima de Alcântara. Acabado de chegar da Exposition des Arts Décoratifs et Industriels Modernes de 1925, o arquitecto introduziu no Cais do Sodré soluções modernistas, pela primeira vez ensaiadas num edifício público português.
É sobretudo o caso do betão armado, que neste caso permitiu a abertura de grandes vãos e a construção de uma pala na fachada da estação. Estas inovações surgiram à mistura com uma indisfarçável paixão pelo estilo decorativo Art Déco, patente tanto no átrio como na fachada da gare. Vai dos desenhos geometrizados das portas de madeira e nas pinturas dos envidraçados (agora magnificamente restaurados) aos baixos-relevos com exortações ao trabalho e à máquina.
Arranjos que desagradarão aos puristas, mas devem constituir um dos mais elegantes exercícios Art Déco que se conservam em Portugal. Mas a originalidade da estação do Cais do Sodré nem sequer se fica por aí. O edifício segue a tipologia em U, comum na arquitectura ferroviária, mas o átrio e a fachada estão "puxados" para fora da directriz das linhas, como se tivessem sofrido uma forte guinada.
É uma ideia brilhante para rematar o encontro da Avenida 24 de Julho com o Largo do Cais do Sodré e a Praça Duque da Terceira, mas esta solução de encaixe na trama urbana preexistente sempre resultou esquisita para os utentes, concorrendo para lhe roubar o carisma. Utentes que, entretanto, com a instalação intermodal, praticamente deixaram de cruzar a entrada principal e o átrio, ou seja, o melhor da estação. Há mais do que uma árvore frondosa para explicar o fraco prestígio de uma das estações mais geniais da rede ferroviária portuguesa.
Sul-Sueste Lisboa

Quem vive em Lisboa ou na outra margem habituou-se a ver a gare Sul-Sueste como parte integrante do conjunto monumental do Terreiro do Paço. Até parece que sempre lá esteve, mas vai-se a ver melhor - sobretudo agora que o interface e o novo arranjo urbano lhe devolveram o cachet - e torna-se evidente que este edifício constitui uma descolagem radical da envolvente.
Grandes volumes geométricos, enormes vãos envidraçados, coberturas planas e um vasto átrio conjugam-se numa depurada composição modernista, em claro contraste com a baixa pombalina e o núcleo medieval da cidade.
É uma diferença marcada, mas subtil, que nunca terá chegado a ser chocante. Foi a solução divisada por José Ângelo Cottineli Telmo (1897-1968), para a Estação Sul-Sueste. Uma estação que é única no género, uma vez que lá não entram linhas, nem passam comboios. Tinha, porém, de estar mesmo ali à beira-rio, no Cais da Alfândega, de modo a assegurar a ligação fluvial com o Barreiro, verdadeiro terminal das linhas ferroviárias do Sul de Portugal.
O modernismo casa-se na perfeição com esse estatuto de excepção e é talvez a obra ferroviária mais célebre do arquitecto, que gizou todo um rol de edifícios iconográficos, desde a Estação Marítima de Alcântara à Prisão de Caxias, passando pelos estúdios da Tobis, onde também realizou A Canção de Lisboa, primeira longa-metragem portuguesa da era do sonoro.
Ao longo de 25 anos de carreira na CP, Cottineli Telmo assinou dezenas de projectos, de Barcelos a Vila Real de Santo António, o que faz dele certamente o arquitecto ferroviário mais profícuo do segundo quarto do século XX. Há, no entanto, outro edifício da sua autoria no património Refer que tem vindo a ser especialmente reavaliado, até pelo risco (entretanto afastado) de demolição. Falamos da espantosa Torre de Sinalização de Pinhal Novo (Palmela, 1938), que consegue o prodígio de conciliar uma base mínima, para não interferir com a circulação nas linhas, com uma ampla torre de controlo, envidraçada no topo.
Oriente Lisboa


A mesma revista americana que abençoou a gare de São Bento promoveu um concurso com uma foto das "palmeiras" da Estação do Oriente e a pergunta sabe-onde-é-que-isto-fica? A estação inaugurada a propósito da Expo 98 não é, de facto, das obras mais mediáticas do arquitecto Santiago Calatrava, nem sequer entrou para o best of dos postais de Lisboa.
É daquelas injustiças que a história deverá reparar, quando se trata de uma das mais brilhantes iluminações da corrente de inspiração orgânica, muito marcante da arquitectura do milénio.
Primeira estação portuguesa a ser pensada de raiz como uma estrutura intermodal, o edifício desenhado por Calatrava vai mudando de figurino na mesma medida em que se muda de piso e de funções. Parece uma caverna artificial ou o esqueleto de um gigante extinto ao nível subterrâneo do metro, para, no nível superior, onde passam os comboios, invocar um luxuriante oásis de palmeiras.
Esta é a verdadeira estrela do conjunto: uma fantástica cobertura metálica arborescente, constituída por pilares de aço de 25 metros de altura, rematados por placas de vidro laminado (15 x 4 linhas). A estação de Calatrava foi o pólo ordenador da requalificação da zona oriental da cidade e deverá ser a futura gare central da Alta Velocidade. Antes como depois, é um espectáculo de magia urbana, o símbolo de uma nova cidade que Lisboa ainda quer ser.

ÉVORA

A estação ferroviária de Évora é linda, bem como as estações do interior de Portugal, as quais apresentam inúmeros e belos azulejos.

Os azulejos da estação de Évora não são excepção, e neles se reproduzem cenas histórias passadas em Évora, bem como a vida de seus habitantes.












 

NO TEMPO DA MINHA INFÂNCIA




No tempo da minha infância
No tempo da minha infância
Nossa vida era normal
Nunca me foi proibido
Comer muito açúcar ou sal
Hoje tudo é diferente
Sempre alguém ensina a gente
Que comer tudo faz mal



Bebi leite ao natural
Da minha vaca Quitéria
E nunca fiquei de cama
Com uma doença séria
As crianças de hoje em dia
Não bebem como eu bebia
Pra não pegar bactéria



A barriga da miséria
Tirei com tranquilidade
Do pão com manteiga e queijo
Hoje só resta a saudade
A vida ficou sem graça
Não se pode comer massa
Por causa da obesidade



Eu comi ovo à vontade
Sem ter contra indicação
Pois o tal colesterol
Pra mim nunca foi vilão
Hoje a vida é uma loucura
Dizem que qualquer gordura
Nos mata do coração



Com a modernização
Quase tudo é proibido
Pois sempre tem uma Lei
Que nos deixa reprimido
Fazendo tudo que eu fiz
Hoje me sinto feliz
Só por ter sobrevivido



Eu nunca fui impedido
De poder me divertir
E nas casas dos amigos
Eu entrava sem pedir
Não se temia a galera
E naquele tempo era
Proibido proibir



Vi o meu pai dirigir
Numa total confiança
Sem apoio, sem air-bag
Sem cinto de segurança
E eu no banco de trás
Solto, igualzinho aos demais
Fazia a maior festança



No meu tempo de criança
Por ter sido reprovado
Ninguém ia ao psicólogo
Nem se ficava frustrado
Quando isso acontecia
A gente só repetia
Até que fosse aprovado


Não tinha superdotado
Nem a tal dislexia
E a hiperatividade
É coisa que não se via
Falta de concentração
Se curava com carão
E disso ninguém morria



Nesse tempo se bebia
Água vinda da torneira
De uma fonte natural
Ou até de uma mangueira
E essa água engarrafada
Que diz-se esterilizada
Nunca entrou na nossa feira



Para a gente era besteira
Ter perna ou braço engessado
Ter alguns dentes partidos
Ou um joelho arranhado
Papai guardava veneno
Em um armário pequeno
Sem chave e sem cadeado



Nunca fui envenenado
Com as tintas dos brinquedos
Remédios e detergentes
Se guardavam, sem segredos
E descalço, na areia
Eu joguei bola de meia
Rasgando as pontas dos dedos



Aboli todos os medos
Apostando umas carreiras
Em carros de rolimã
Sem usar cotoveleiras
Pra correr de bicicleta
Nunca usei, feito um atleta,
Capacete e joelheiras



Entre outras brincadeiras
Brinquei de Carrinho de Mão
Estátua, Jogo da Velha
Bola de Gude e Pião
De mocinhos e Cawboys
E até de super-heróis
Que vi na televisão



Eu cantei Cai, Cai Balão,
Palma é palma, Pé é pé
Gata Pintada, Esta Rua
Pai Francisco e De Marré
Também cantei Tororó
Brinquei de Escravos de Jó
E o Sapo não lava o pé



Com anzol e jereré
Muitas vezes fui pescar
E só saía do rio
Pra ir pra casa jantar
Peixe nenhum eu pagava
Mas os banhos que eu tomava
Dão prazer em recordar



Tomava banho de mar
Na estação do verão
Quando papai nos levava
Em cima de um caminhão
Não voltava bronzeado
Mas com o corpo queimado
Parecendo um camarão



Sem ter tanta evolução
O Playstation não havia
E nenhum jogo de vídeo
Naquele tempo existia
Não tinha vídeo cassete
Muito menos internet
Como se tem hoje em dia



O meu cachorro comia
O resto do nosso almoço
Não existia ração
Nem brinquedo feito osso
E para as pulgas matar
Nunca vi ninguém botar
Um colar no seu pescoço



E ele achava um colosso
Tomar banho de mangueira
Ou numa água bem fria
Debaixo duma torneira
E a gente fazia farra
Usando sabão em barra
Pra tirar sua sujeira



Fui feliz a vida inteira
Sem usar um celular
De manhã ia pra aula
Mas voltava pra almoçar
Mamãe não se preocupava
Pois sabia que eu chegava
Sem precisar avisar



Comecei a trabalhar
Com oito anos de idade
Pois o meu pai me mostrava
Que pra ter dignidade
O trabalho era importante
Pra não me ver adiante
Ir pra marginalidade



Mas hoje a sociedade
Essa visão não alcança
E proíbe qualquer pai
Dar trabalho a uma criança
Prefere ver nossos filhos
Vivendo fora dos trilhos
Num mundo sem esperança



A vida era bem mais mansa,
Com um pouco de insensatez.
Eu me lembro com detalhes
De tudo que a gente fez,
Por isso tenho saudade
E hoje sinto vontade
De ser criança outra vez...


domingo, 16 de outubro de 2011

PREÇOS DAS COMIDAS NO HOTEL ALENTEJO





Em meados do século XX eram estes os preços praticados, nos dias de hoje não têm comparação, talvez se tenha que pagar 1000 vez mais.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

PACO BANDEIRA - "LUANDA" - "CEIFEIRA" - «DIVER'C'IDADES» 2006

LUSÍADAS - VERSÃO ACTUALIZADA


Os Lusíadas - Extracto de Versão actualizada


 





Fabuloso!

Os Lusíadas - Extracto de Versão actualizada

I

  As sarnas de barões todos inchados

Eleitos pela plebe lusitana

Que agora se encontram instalados

Fazendo aquilo que lhes dá na gana

Nos seus poleiros bem engalanados,

Mais do que permite a decência humana,

Olvidam-se de quanto proclamaram

Em campanhas com que nos enganaram!



II

E também as jogadas habilidosas

Daqueles tais que foram dilatando

Contas bancárias ignominiosas,

Do Minho ao Algarve tudo devastando,

Guardam para si as coisas valiosas…

Desprezam quem de fome vai chorando!

Gritando levarei, se tiver arte,

Esta falta de vergonha a toda a parte!



III

Falem da crise grega todo o ano!

E das aflições que à Europa deram;

Calem-se aqueles que por engano…

Votaram no refugo que elegeram!

Que a mim mete-me nojo o peito ufano

De crápulas que só enriqueceram

Com a prática de trafulhice tanta

Que andarem à solta só me espanta.



IV

E vós, ninfas do Coura onde eu nado

Por quem sempre senti carinho ardente

Não me deixeis agora abandonado

E concedei engenho à minha mente,

De modo a que possa, convosco ao lado,

Desmascarar de forma eloquente

Aqueles que já têm no seu gene

A besta horrível do poder perene!

Luiz Vaz Mais Lixado


BRASÃO DA FAMÍLIA BATISTA

 

 

Existem famílias Batista originárias de vários países, tais como França, Portugal, Itália, Croácia, Espanha entre outros, todas surgiram na referência ao profeta bíblico João Batista, que era primo de Jesus e foi quem o batizou, morrendo decapitado por ordem do rei Herodes Antipas I. São João Batista é um dos santos mais venerados na Europa, seu dia é em 24 de junho, durante a Idade Média os nascidos neste dia levavam o nome Batista, buscando a proteção do santo, assim surgiu o sobrenome, devotos do santo passavam seu nome para as próximas gerações.
O sobrenome Batista ou Baptista vem da palavra grega baptismo latinizado em baptismous, que significa imergir, lavar ou batizar. Ao lado um dos brasões atribuídos as famílias Batista de Portugal e Espanha, por ser um sobrenome de origem religiosa, existem muitas famílias Batista sem nenhum laço de sangue e com diversos brasões

EU QUERO

Quero viver, não sei porquê mas quero, qual será, a razão, Será por amor há vida? Será por amor aos meus amores, Certamente que sim.

Tudo o que vivemos vali a pena ser vivido pois a vida é uma escola de grande ensinamento, só que muitas vezes não entendemos a sua mensagem, talvez por isso muitos de nós não damos o valor que é viver, Viver é dar e receber, é ter tudo e não ter nada, é estar bem onde não está é querer ir onde não vai, Sempre a esperado dia que vai chegar.

Porque cada dia da nossa vida é sempre um novo dia, cheio de esperança que o calor do sol nos dê a força para todos os dias da nossa vida, Por tanta beleza, e por um mundo melhor, eu quero viver porque a vida é bela, E só temos esta.

 Generosa 6 de Junho de 2008          

ABRIL

 Para mim o dia 16 de Abril foi mais um dia de grande refleção, porque é o dia de meu aniversário, e eu tenho sempre que perguntar à vida se vale a pena, e se devo continuar, a ser como sou e a saber tomar as minhas vontades, na hora melhor sei que não estou sózinha, pois a minha família,  Deus e a esperança nas pessoas que mais amo dizem todos para continuar a lutar todos os dias, o que não é nada fácil.

Vivo um dia de cada vez sempre à espera que o amanhã seja diferente e melhor, pois só assim a vida pode ser vivida, amando os outros mais que a nós próprios.

E é nessa direcção que eu quero continuar. MIM O DIA 16 DE ABRIL FOI MAIS UM DIA DE GRANDE REFLECÇÃO. PORQUE e O DIA DO MEU ANIVERSÁRIO, E EU TENHO SEMPRE QUE PERGUNTAR à VIDA SE VALE.

GENEROSA M. P. BATISTA,


 19 DE ABRIL DE 2008

 Hoje é dia 22 de Abril de 2008, e eu tenho muitas saudades do meu neto pois á uma semana que não estou com ele, estou sempre a lembrar as suas palavras, quando me diz, Avó, o Guilherme gosta muito de estar cá e gosta muito de brincar com o avô, o Guilherme tem de estar cá mais vezes porque o Guilherme gosta muito de dormir cá, é muito bom não é O Guilherme quando vai embora fica com saudades, eu meu coração esta sempre preocupado e pedindo a Deus que proteja o Guilherme e o pai o tio, pois são eles a minha grande preocupação, e os grandes amores da minha vida, pois são eles os 3 atilhos que me trazem segura ao mundo.

Pensando neles, tive um sonho, que era uma vez um mundo onde todas as crianças eram felizes e tudo era muito melhor, havia muito amor para dar e muita paz e muito amor entre os homens de boa vontade, era este o mundo em que todos decerto queríamos viver, e dar as nossas crianças, uma vida com grande felicidade e alegria É por isto e muito mais que peço a Deus, a sua protecção para as nossas crianças nunca deixem de sorrir, é por elas que quero o sol com calor, a lua com luar, os jardins com flores, a paz entre os homens.

Generosa Batista 27 de Abril de 2008
           

ERA UMA VEZ

  Numa aldeia do alto Alentejo, á 57 anos nasceu, e cresceu uma menina, muito amada por todos, rodeada de muito amor e carinho.
   Mas essa menina tinha um sonho, crescer e fazer qualquer coisa para poder ajudar todos menos favorecidos pela sorte, mas a sua grande preocupação foi e continua a ser as crianças.
   Ainda hoje já mãe e avó são as crianças a sua maior preocupação, todas as nossas crianças precisam muito do amor e do carinho de todos nós pois para elas nada de mais.
   Todo isto que escrevi só me faz ter saudades de ser menina, pois com a minha idade cinto uma grande tristeza por não ter feito o que gostaria de fazer, eu gosto da vida mas mais que os homens nos dessem um mundo melhor e mais seguro, eu amo a natureza, as flores, o calor do sol, o silencio da noite.
   Muitas vezes é ao silêncio que falo dos meus pensamentos pois sei que tenho sempre resposta, sou por norma alegre mas também muito preocupada, mas porque tenho fé em Deus acredito num mundo melhor.
   Generosa 1 Maio de 2008,

EU SEI

Já sei que nada sei, mas gostava de saber, o que talvez nunca ninguém me tenha contado.


Mas sei que vou saber, mais dia, menos dia.


Mas a verdade verdadeira, é que por mais estranho que pareça, nada para mim é novo, sou realista de mais, o que às vezes não me faz nada bem, e muito menos agrada aos que injustamente, pensam que nas minhas decisões não estou a ser correcta, as vezes até me dizem, que tenho manias, o que não é verdade, mas tenho a certeza, que sendo como sou, muitas vezes até cruel comigo mesma, nunca fui nem sou o que gostava de ser, mas sempre, a minha maneira lotei e lotarei por todos os que amo e também pelo que gosto, não quero perder a força, e muito menos a vontade, não gosto de saber que nada sei, nem que me vejam chorar, não gosto de dizer não, não gosto de gostar, mas a verdade é que quando gosto, gosto demais, motivo que muitas vezes me faz zangar comigo mesma, então ai grito mas não quero ser ouvida.


Generosa Baptista

Fonte - pensamentos à solta.blogspot.com

FOI UM DIA


À quase 40 anos que me lembro de dizer muitas vezes, Eu vou ser a mulher mais feliz do mundo, que palavra tão bonita, muitas vezes dita, talvez até acreditando nela, pois é pensando que a felicidade existe que temos as maiores desilusões que nos marcam para toda a vida.

Tinha eu 18 anos quando a vida me chamou para um dos grandes desafios, ou talvez O maior, e mais complicado de todos, (o meu primeiro casamento), pois não teve um final feliz, e deixou marcas tão profundas, e um tão grande desencanto, que já mais poço esquecer, mas como o destino, é forte, também foi a partir desse dia, que a vida me deu os dois momentos, mais felizes, pois aos meus 20 anos, foi mãe, do meu primeiro filho, o Luís, mais propriamente, a 7 de Julho, de 1971, um dia marcado por uma grande felicidade, mas também marcado pelo grande medo, foi um parto tão complicado, que só a minha juventude, e o grande saber e dedicação, do senhor, Dr. Manuel Anjinho, Médico opstétra, um homem de tão grande bondade e de um coração que sempre teve muito para me dar, pois sabendo eu os riscos que corria, junto dele nunca tive medo de nada, nem me faltou a necessária força, de lutar, contra tudo o que parecia ser impossível, e tudo fez para nos salvar da morte, que bem perto esteve de nós.

Aos meus 23 anos, a 1 de Junho de 1974 nasceu o meu segundo filho, por eu ser uma pessoa, de fracos recursos físicos, o Paulo nasceu por cesariana, o que para nós foi muito mais fácil, e sem medo, recordo o nascimento dos meus filhos com todo o meu amor, mas também com uma grande gratidão por tanta dedicação carinho que sempre recebi daquele médico aquém devo a vida, dos meus dois maiores amores, pelos meus filhos, eu sou capaz de dar, tudo, em troca de nada.

Amor



E porque foi mãe, também tenho a grande alegria de ser, avó, alegria que não tem palavras, um amor que não tem tamanho, pois o Guilherme é nesta altura da minha vida uma força da natureza, e que muito contribui para que eu não desista de lutar, sempre por uma vida melhor para todos, como ele diz, eu tenho que viver muito tempo para o meu menino.

À muitos anos ouvi dizer que o nosso destino tinha a ver com a cor dos olhos, então às vezes fico a pensar, que para mim não é fácil seguir esse caminho, mas seja lá como for à sempre qualquer coisa que nos toca de maneira diferente.

Desde muito pequenina que gosto muito de ouvir cantar o fado, e ainda hoje é a minha música preferida, pois eu acho que o fado é como ele muito bem diz, uma estranha forma de vida, foi e continua a ser para mim um veículo de mensagens, que às vezes quando estou a escutar o fado ele tem o condão de me levar nem sei para onde, só sei que me dá muita paz, e me deixa muito serena, pois são talvez os momentos em que melhor me encontro comigo, e deixo que o meu pensamento resolva tudo por mim, se estivermos atentos aos seus poemas, decerto vamos encontrar muitos que são com toda a certeza retalhos das nossas vidas, o que foi considerado por todos canção nacional, o fado só pelos seus títulos nos deixa muitas vezes a pensar, este fado tem um poema que parece a minha vida, lembro-me da Cármen Cita que fugiu da caravana, porque não cria ser cigana, lembro-me do embuçado que por ser rei não cria ser conhecido, lembro-me da menina do rés do chão que não podia ter a janela aberta, lembro-me do fado errado, e também não me poço esquecer, que por uma lágrima tua me deixaria matar, também não poço esquecer, que foi Deus, que deu luz ao mundo, e é por vontade de Deus que vivemos nesta ansìadade nunca vou esquecer o amor de Mãe, e ao falar do amor de Mãe, não vou poder esquecer que os putos, deste povo andam aprender a ser homens, etc. etc.
Fado canta a história de todos nós, é cantado nos salões, nas tascas, nas ruas e nas vielas, o fado é um senhor, mas também é um vadio, o fado é alegre e triste, o fado é barulho e solidão, o fado é amor, e ódio, o fado é vida, o fado é morte, o fado é saudade silencio e sombra, o fado é a vós do povo, pois a grande parte do fado também é o povo que o canta, para mim o fado é uma mistura de sentimentos, com alguns sofro, com outros até me sinto feliz, em cada fado á uma mensagem para cada um entender a sua maneira, sofrendo ou ser feliz, eu para mim ouvir fado da -me calma e faz que eu entenda melhor as coisas boas e menos boas da vida, já que não podemos viver a vida, pois que seja a vida que nos viva a nós, mas no que me diz respeito nunca me faltou a vontade e a força para lutar e viver por mim e por tudo o que gosto e pela minha família que muito amo.

Generosa
Outubro de 2008


Namorados

PARA MIM


 
Boa noite solidão.

Entraste pela janela, e é talvez através dela que entras no meu coração.

Só te peço solidão, para não ficares por cá, pois podes acreditar que não me das alegria, por isso se tiveres pena de mim, vai-te embora, deixa-me em paz mas tira-me desta aflição.

É tão grande a minha dor, que não a sei nem contar, nem dela quero falar, mas é tal a minha amargura, que a tanto tempo que Dura, mas eu tenho que a suportar.

Passam os dias, passam as noites, e tudo fica na mesma, só me resta a esperança que alivia a minha dor, te trago por companhia, é quem me dá alegria e me ajuda a dar amor.

Só o meu deus me pode dar força, e aumentar a minha fé, sei que não estou sozinha, pois a vida é como é.

Mas eu vou continuar pois foi deus que assim o quis, e vou dar felicidade, porque em mim está a saudade de voltar a ser feliz.

Fui uma menina alegre, criada com tanto amor, que nem na minha doença me lembrava da minha dor.

Cresci fiz-me mulher, fui de batalha em batalha, com a força de vencer, eu quero ganhar a guerra, porque gosto de viver.

Máguas tenho aos molhos, e algumas bem marcadas, mas delas pouco falo, só as guardo bem guardadas.

Espero ganhar a guerra, porque gosto muito de viver, com a esperança ao meu lado, dizendo a cada momento, amiga tens de vencer.

Tenho dentro do meu peito um canteiro de flores, cada uma tem o nome dedicado aos meus amores.

Agora só peço a deus, para os meus amores guardar, e que lhe dê a luz da vida para poderem caminhar.

Só te peço solidão, que te vás daqui embora, e não digas a ninguém o que eu faleinesta hora

Generosa..

RECORDAÇÕES

 

 

INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL
CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE ÉVORA


Centro Novas Oportunidades
Do Centro de Formão Profissional de Évora


Espaço para alguma história que queira recordar.



Lembro-me que:

Paradoxo dos paradoxos! Lembro-me que, quando era menina de tenra idade – três/quatro anos, me ter sentido, quase em simultâneo, a mais infeliz e também a mais feliz das crianças nascida numa recôndita aldeia do Alentejo.

Passo a explicar:

Ainda menina de colo, foi-me diagnosticado um Glaucoma Congénito que haveria de me levar, depois de vários anos de sofrimentos horríveis, a uma cegueira completa, não obstante se ter tentado tudo o que de melhor havia a nível de medicina e clínicas especializadas. O destino estava traçado… Nada havia a fazer!

Conformada? Como pode uma criança de tão tenra idade ficar conformada, não sabendo o que tal palavra significa e não tendo sequer a noção do que acabava de lhe acontecer?

Resignada? Não… E porquê?

Aqui começa, quanto a mim, uma das metamorfoses mais fantásticas que me aconteceram e que, mais uma vez, passo a explicar:

Neta de pessoas de algumas posses – meu avô era o Presidente da Junta de Freguesia da nossa aldeia – mas era, sobretudo, uma pessoa de elevado e nobre carácter moral tomando, muito cedo a seu cargo, juntamente com meus tios e pais, a moldagem da personalidade que ainda hoje, felizmente, norteiam a minha vida.

Assim, com muito amor mimo e muito, muito carinho, nortearam a minha vida no sentido de, ao invés de ser a menina que necessitava de ajuda era, pelo contrário, a menina que a todos socorria, especialmente aos filhos das pessoas mais pobres granjeando, como se deve compreender, as mais belas atitudes de reconhecimento e de quase idolatria. Sentia-me bem neste papel, sentia-me realizada com as pequenas ajudas que proporcionava aos meus conterrâneos que me apelidavam de “A nossa Menina”.

Haverá coisa mais bela e mais reconfortante para um carácter em formação?

Do que acabo de descrever gostaria agora de vos dar alguns testemunhos em forma de uma ou duas histórias que, segundo julgo, ilustrarão com singeleza mas muita verdade tudo o que para trás deixo dito.
a) – O episódio que vou contar é um, entre muitos que me acontecerem, seria impossível contá-los todos. Resolvi, por isso escolher dois que jamais irei esquecer.


A Igreja da N.ª S.ª da Graça do Divôr e os anjinhos que acompanharam a procissão, entre os quais eu fazia parte.

b) Tinha eu cinco anos quando N.ª S.ª de Fátima andou em peregrinação pelo país. A minha aldeia foi uma das contempladas. Depois de decorada com muitas luzes e flores como se podia fazer na época, também foi organizada uma linda procissão. Durante todo o percurso da mencionada procissão todos pediam à Santa que me abençoasse toda a vida.

O andor foi transportado pelo meu pai e tios paternos com a intenção de pedir a N.ª S.ª o milagre, pois era a esperança que lhes restava, uma vez que mais nada havia a fazer no campo da ciência.
Durante a semana seguinte a imagem permaneceu na Igreja da aldeia, sendo eu lá levada todos os dias por familiares e amigos: Pegavam-me ao colo para beijar a imagem e mandavam-me repetir “N.ª S.ª cuida de mim toda a minha vida”.

O milagre não se deu! No entanto deu-me força para saber compreender da mesma forma o Bem e o Mal.
Este episódio marcou-me profundamente para o resto da minha vida.

c) - Continuando as minhas lembranças, quase todas passadas em casa de meus avós paternos, os meus dias eram divididos entre brincadeiras, passeios pelo campo, acompanhada pelas minhas amiguinhas da minha idade e pelo meu inseparável amigo de quatro patas que nunca me deixava mal e livrava-me de todos os perigos. Íamos apanhar flores para fazer colares para pôr no cabelo. Como eu ficava feliz quando me diziam que as minhas flores eram bonitas e combinavam com os meus vestidos enfeitados de folhos ou bordados!

Também fazia longos e belos passeios com os meus tios, não dispensando nunca o meu “Pangalhadas”, o meu amiguinho cão que me deixou lembranças que nunca irei esquecer.

Lembro-me dos serões de Inverno quando, à lareira, sentada ao colo do meu avô, ele me contava historias e cantava comigo as cantigas da época. Como eu me lembro das merendas com as minhas amigas que a minha avó tão bem preparava. Sempre me senti bem a partilhar tudo o que tinha com os menos favorecidos. Em suma, gostava de tudo o que tinha e do que era. Fui até aos meus doze anos uma menina feliz, embora com muitos problemas de saúde, mas nunca me faltaram os cuidados necessários e que a época permitia.

Esse período da minha vida de que tenho tanta saudade me deixou e me ensinou a receber mas, também, aprendi a dar. Hoje aos 56 anos aceito a vida e aquilo que sou. Tenho as mesmas amizades e conquistei muitas mais e é com elas que recordo os nossos bons tempos

A MINHA ALDEIA

 

 

Há 57 anos que eu nasci numa bem pequenina aldeia do Alto Alentejo; era nessa altura uma aldeia onde todos eram uma família, de grandes corações e bondade, e muito mais pois que ainda hoje eu sinto uma tão grande saudade que não tenho palavras para poder traduzir os meus sentimentos e carinho que sinto por todos, pois foi com uma grande alegria que no dia 10 de Maio participei numa festa convívio, pois ao encontrar as pessoas que muito fizeram por mim e deram-me muitos motivos para que eu tivesse sido uma menina feliz, pois é por isso e muito mais que a minha alegria não tem palavras que possa contar o que senti e sinto.

Foi um encontro tão rico que vai ficar para sempre no meu coração.

A minha Aldeia já não é a mesma pois mudou como tudo muda: é próprio dos tempos; Mas no meu coração continua a mesma aldeia pequenina e cheia de beleza.

A minha aldeia não tem rios, nem serras, mas tinha montes e vales, é por tudo isto e pelo grande amor que tenho a tudo e a todos que as saudades cada vez maiores, levam-me cada vez mais a ter vontade de voltar àquela época onde fui tão feliz.

Tal como agora a minha aldeia, também tinha um Presidente, da junta, que muito deu para o seu crescimento, e muito fez, para melhorar a vida de todos os que lá moravam, pois foi no seu mandato, que a escola, e o arranjo das ruas, e das casas dessa época, que ainda hoje são a marca mais importante que de certo vai ficar pelos tempos.

Lembro-me muito bem de tudo o que falo, pois nessa época, era na aldeia pequenina do alto Alentejo, onde eu fui feliz, e o meu avô foi o senhor, Presidente, da junta de freguesia, para além de tudo o que fez, ofereceu o terreno, para construir a escola, aquela escola que ainda, é a mesma, de à 50 anos, que fez crescer muita gente, e mudou muitas vidas.

Mais de 50 anos já passaram, e tudo mudou, hoje a minha aldeia é algumas vezes maior, mas graças ao senhor, Presidente, da junta, pessoa que dedicou uma boa parte da sua vida há aldeia onde nascemos, pois só com tão grande dedicação, a nossa aldeia é aquilo que hoje temos, muito mudada mas sempre bela, sítio onde nunca me canso de ir, pois enquanto lá estou, sinto-me tão bem comigo, e são tão vivas as recordações, que até me esqueço de tudo, de tal forma que sou capaz de ser feliz, quando o meu pensamento, se lembra de fazer boas e longas viagens ao passado, então, ai esqueço tudo e só me lembro da bonita felicidade, que nunca posso esquecer, é com muito gosto que falo, do senhor, Isidro Lobo, pessoa a quem dedico uma boa amizade, e dou os meus sinceros parabéns, por tudo o que tens feito, e por o que possas fazer, Isidro, obrigado, por tudo o que és, e por teres um coração com tanto para dar.