ÉVORA MINHA CIDADE

terça-feira, 15 de novembro de 2011

SORRIR


Sorrir porque o sorriso nos acalma, sorrir porque o sorriso nos alivia as dores, sorrir porque o sorriso nos torna melhores,  sorrir porque a vida não é feita só de lágrimas.
Sorrir porque temos muitos motivos para isso, sorrir porque através dele poderemos modificarnos diariamente, sorrir porque temos a vida para ser vivida.
Sorrir porque somos criaturas adoradas por Deus, sorrir porque temos muito a comemorar estando na terra para evoluir, sorrir porque muitas vezes o sorriso fala por nós, sorrir porque a alegria está em nós, sorrir porque assim secamos as nossas lágrimas.
Sorrir porque assim podemos reagir diante as tempestades, sorrir porque assim elevamos a nossa condição vibratória, sorrir porque a vida é a nossa verdadeira escola e nela que devemos ser vencedores, sorrir porque simplesmente precisamos da nossa melhora, interior para continuarmos a Ivo loção espiritual de que Jesus espera de nós e com um sorriso poderemos ir muito mais além, do que pensamos poder chegar. 
  E porque crer é poder, eu quero e vou vencer, ainda que algumas vezes tenha que chorar. 
  Generosa 
  Novembro. 
  2011.   

PASSOU



Passou eu vi que passou, não me enganei era aquele com o mesmo andar gingão, mas eu vi que era aquele, olhou para mim olhou, depois o meu coração foi como um loco atrás dele. 
  Seguiu eu vi que seguiu, parou ao fim da calçada, para me fazer ralar, seguiu eu vi que seguiu, e não me disse mais nada, eu comecei a chorar. 
  Não é eu sei que não é só ele o culpado, pois o destino é assim, sem fé também já sem fé, o meu coração coitado foi como um louco atrás dele. 
  Generosa. 
  Novembro 2011.

LEMBRO-ME QUE




Paradoxo dos paradoxos! Lembro-me que, quando era menina de tenra idade – três/quatro anos, me ter sentido, quase em simultâneo, a mais infeliz e também a mais feliz das crianças nascida numa recôndita aldeia do Alentejo.

Passo a explicar:

Ainda menina de colo, foi-me diagnosticado um Glaucoma Congénito que haveria de me levar, depois de vários anos de sofrimentos horríveis, a uma cegueira completa, não obstante se ter tentado tudo o que de melhor havia a nível de medicina e clínicas especializadas. O destino estava traçado… Nada havia a fazer!

Conformada? Como pode uma criança de tão tenra idade ficar conformada, não sabendo o que tal palavra significa e não tendo sequer a noção do que acabava de lhe acontecer?
Resignada? Não… E porquê?
Aqui começa, quanto a mim, uma das metamorfoses mais fantásticas que me aconteceram e que, mais uma vez, passo a explicar:

Neta de pessoas de algumas posses – meu avô era o Presidente da Junta de Freguesia da nossa aldeia – mas era, sobretudo, uma pessoa de elevado e nobre carácter moral tomando, muito cedo a seu cargo, juntamente com meus tios e pais, a moldagem da personalidade que ainda hoje, felizmente, norteiam a minha vida.
Assim, com muito amor mimo e muito, muito carinho, nortearam a minha vida no sentido de, ao invés de ser a menina que necessitava de ajuda era, pelo contrário, a menina que a todos socorria, especialmente aos filhos das pessoas mais pobres granjeando, como se deve compreender, as mais belas atitudes de reconhecimento e de quase idolatria. Sentia-me bem neste papel, sentia-me realizada com as pequenas ajudas que proporcionava aos meus conterrâneos que me apelidavam de “A nossa Menina”.
Haverá coisa mais bela e mais reconfortante para um carácter em formação?

Do que acabo de descrever gostaria agora de vos dar alguns testemunhos em forma de uma ou duas histórias que, segundo julgo, ilustrarão com singeleza mas muita verdade tudo o que para trás deixo dito.
a) – O episódio que vou contar é um, entre muitos que me acontecerem, seria impossível contá-los todos. Resolvi, por isso escolher dois que jamais irei esquecer.



A Igreja da N.ª S.ª da Graça do Divôr
b) Tinha eu cinco anos quando N.ª S.ª de Fátima andou em peregrinação pelo país. A minha aldeia foi uma das contempladas. Depois de decorada com muitas luzes e flores como se podia fazer na época, também foi organizada uma linda procissão. Durante todo o percurso da mencionada procissão todos pediam à Santa que me abençoasse toda a vida.
O andor foi transportado pelo meu pai e tios paternos com a intenção de pedir a N.ª S.ª o milagre, pois era a esperança que lhes restava, uma vez que mais nada havia a fazer no campo da ciência.
Durante a semana seguinte a imagem permaneceu na Igreja da aldeia, sendo eu lá levada todos os dias por familiares e amigos: Pegavam-me ao colo para beijar a imagem e mandavam-me repetir “N.ª S.ª cuida de mim toda a minha vida”.
O milagre não se deu! No entanto deu-me força para saber compreender da mesma forma o Bem e o Mal.
Este episódio marcou-me profundamente para o resto da minha vida.
c) - Continuando as minhas lembranças, quase todas passadas em casa de meus avós paternos, os meus dias eram divididos entre brincadeiras, passeios pelo campo, acompanhada pelas minhas amiguinhas da minha idade e pelo meu inseparável amigo de quatro patas que nunca me deixava mal e livrava-me de todos os perigos. Íamos apanhar flores para fazer colares para pôr no cabelo. Como eu ficava feliz quando me diziam que as minhas flores eram bonitas e combinavam com os meus vestidos enfeitados de folhos ou bordados!

Também fazia longos e belos passeios com os meus tios, não dispensando nunca o meu “Pangalhadas”, o meu amiguinho cão que me deixou lembranças que nunca irei esquecer.
Lembro-me dos serões de Inverno quando, à lareira, sentada ao colo do meu avô, ele me contava historias e cantava comigo as cantigas da época. Como eu me lembro das merendas com as minhas amigas que a minha avó tão bem preparava. Sempre me senti bem a partilhar tudo o que tinha com os menos favorecidos. Em suma, gostava de tudo o que tinha e do que era. Fui até aos meus doze anos uma menina feliz, embora com muitos problemas de saúde, mas nunca me faltaram os cuidados necessários e que a época permitia.
Esse período da minha vida de que tenho tanta saudade me deixou e me ensinou a receber mas, também, aprendi a dar. Hoje aos 56 anos aceito a vida e aquilo que sou. Tenho as mesmas amizades e conquistei muitas mais e é com elas que recordo os nossos bons tempos. 
  Generosa Batista. 
  Este é mais um pouco da minha história de vida.